quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Tutoria e Aprendizagem ao Longo da Vida - o formador/tutor no desenvolvimento de um quadro social aprendente




«Tutoria e Aprendizagem ao Longo da Vida – o formador/tutor no desenvolvimento de um quadro social aprendente», Newsletter do Centro Nacional de Qualificação de Formadores, Setembro de 2008, pp. 3-4. / Autor: Rui Moura.

Benchmarking em práticas de gestão de recursos humanos: da comparação à aprendizagem

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Benchmarking em Práticas de Gestão de Recursos Humanos: da comparação à aprendizagem, Borba, CEVALOR / POEFDS, 2008, 155 pp. / Prefácio: Rui Moura.

A investigação-acção levada a efeito por cientistas sociais no domínio empresarial português constitui, desde há alguns anos a esta parte, um eixo fundamental para o desenvolvimento das componentes imateriais que caracterizam a configuração das empresas e de outras organizações de trabalho numa sociedade do conhecimento.

Efectivamente, os desafios que se colocam à competitividade e à qualidade da prestação de bens e serviços que os agentes económicos e institucionais prestam aos clientes e aos cidadãos, bem como a emergência da responsabilidade social das organizações (RSO) em matéria de economia, emprego e ambiente, passam necessariamente por melhorar o conhecimento sobre as alternativas estratégicas de índole organizacional e de gestão de recursos humanos e obter a adesão das empresas / organizações de trabalho para práticas experienciais inovadoras em contextos de aprendizagem organizacional contínua.

Sublinhando os desafios definidos pela União Europeia e consagrados na estratégia de Lisboa, reconhecendo o papel fundamental das pequenas e médias empresas na criação de riqueza e na mudança socioeconómica e focando a gestão estratégica de recursos humanos assente num modelo de cooperação de benchmarking, a CEVALOR e a equipa de investigação do estudo apresentado lançaram uma perspectiva inovadora no que respeita à organização e à sistematização de informação relevante sobre o meio envolvente do sector da pedra natural, tendo em vista a gestão estratégica dos activos humanos a partir das necessidades e dos desafios do sector.

Orientado por uma investigação activa baseada na realidade do sector, o estudo constitui uma mudança significativa de perspectiva estratégica da gestão de recursos humanos com apoio da ferramenta benchmarking, porquanto a identificação das práticas de recursos humanos constitui apenas um meio para um posicionamento de aprendizagem experienciada e contínua de implementação de novas práticas que conduzam a mudanças organizacionais significativas e a culturas de inovação duradouras.

Trata-se, como os próprios autores mencionam, de superar a simples perspectiva de benchmarking – sem dúvida um instrumento fundamental reconhecido por inúmeras organizações nacionais e internacionais – para a de benchlearning, na qual o desenvolvimento profissional dos actores e o desenvolvimento organizacional das empresas se desenrolam mediante fusão das partes num processo holístico que consiste em espirais de aprendizagem interminável.

Tal processo é o corolário de uma nova lógica de abordagem empresarial à qualidade quer do emprego quer das práticas de gestão de recursos humanos, sustentada não apenas por uma metodologia de emulação com as melhores práticas e de adopção contextualizada dessas práticas, mas, também, por um passo adiante, caracterizado por acções únicas de inovação organizacional baseadas no desenvolvimento de competências próprias, tanto quanto possível originais e difíceis de imitar, que acrescentem valor à qualidade dos processos intra-organizacionais e aos níveis de competitividade de cada empresa.

A óptica mencionada concorre decisivamente para um quadro global de RSO, mediado por novas práticas de gestão de recursos humanos e melhores condições de trabalho, tal como foi definido pela Cimeira de Lisboa, em 2000, no âmbito do apelo à responsabilidade social das empresas e, posteriormente, do Livro Verde, que conduzem a processos de envolvimento e participação dos actores, ao estímulo a práticas de modalidades de formação interactivas e ao desenvolvimento de flexibilidades de trabalho.

Para o efeito, a criação de um Observatório Sectorial constitui um meio operacional adequado para desenvolver um modelo de cooperação de benchmarking em gestão de recursos humanos no sector estudado, designado pelos autores como um serviço de inteligência organizacional, porquanto contém em si mesmo uma lógica de cooperação interinstitucional em rede, orientada para objectivos centrados no estímulo à inovação organizacional e à noção de empreendedorismo de todos os actores, à criação de redes de natureza sectorial e temática que aproximem as PME entre si aos níveis regional / local e desenvolvam aprendizagens interactivas, ao incremento de culturas inovadoras que saibam tirar partido de oportunidades de risco e assegurem uma dinâmica permanente de gestão do conhecimento e, finalmente, à criação e aprofundamento de perfis estratégicos que contenham competências distintivas de alto valor acrescentado.

A concretização do cenário mencionado constitui um passo importante para que seja mais fácil disseminar práticas inovadoras e bem sucedidas da gestão de recursos humanos que, por via de emulação, possam ser multiplicadas e adaptadas a outros contextos e, quiçá, inspiradoras de inovação empresarial inédita.